SOU AUTOR DO LIVRO 'PENSÃO MARGARIDAS', que constitui-se num relato memorialístico, onde é narrada a minha internação na instituição com o mesmo nome, no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio de Janeiro, por abuso de drogas, que ocorreu em junho de 1989. A obra está sendo elogiada pela crítica especializada. E o foi, particularmente, pelo poeta, acadêmico e crítico literário Ivan Junqueira, que deixou o prefácio em manuscrito, que foi encontrado logo após sua morte. Este prefácio, supostamente inacabado, constitui-se no último texto escrito pelo Ivan.
'Pensão Margaridas' - já constando do lado de obras importantes, como 'Cemitério dos vivos', de Lima Barreto, e de 'Hospício é Deus', de Maura Lopes Cançado - está sendo lido por variada gama de leitores, como sendo utilizado, também, como guia para orientação e formação de médicos e psicólogos, no sentido de que entendam em que devem ser mais humanos com os pacientes.
Após minha internação na Pensão Margaridas, entrou na Clínica um rapaz vindo de Petrópolis, da Santa Mônica, que foi submetido ao mesmo tratamento que eu, e que morreu poucos dias depois. Imaginem nossa sensação, trancados na instituição, quando a notícia da morte do paciente nos chegou através do Jornal Nacional (assistir televisão era a única distração que tínhamos à noite, na Clínica...). Foi quando ficamos sabendo que o caso estava tendo repercussão nacional... A primeira parte do livro tem como núcleo temático a morte misteriosa do rapaz... O livro tem outras passagens marcantes, como a forma pela qual os pacientes receberam a notícia da morte do compositor Raul Seixas, ocorrida em 1989:
"E o 'Maluco Beleza', que partiu num trem antes das sete, (a sua morte ocorreu às cinco da manhã...) já devia estar distante com o seu 'Moço do disco voador'".... (pág. 98).